Agência JB - 12/09/2007
BRASÍLIA - Encerrada a votação do plenário do Senado Federal, o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), foi absolvido por 40 votos a 35, pondo um fim a 110 dias de processo por quebra de decoro parlamentar.
Uma grande frustação tomou conta dos senadores que esperavam pela cassação do senador. Esta foi a primeira vez na história em que um presidente da Casa teve uma cassação avaliada em Plenário. Após votação secreta, 40 senadores votaram pela absolvição, 35 votaram pela cassação e seis se abstiveram.
O presidente do PSDB, Tasso Jereissati, estava visivelmente abalado e chateado com o resultado da votação.
- Me decepcionei. Isso é resultado da relação de promiscuidade da relação do governo com a Câmara Federal. A sinceridade se perdeu. Um clima de traição, de mentiras, foi o que houve durante a votação. Não tenho a menor dúvida de que o PT teve muito a ver com isso, ajudou bastante. Pena que a descrença nos senadores vai continuar. Isso é um crime contra a instituição - disse.
O senador Renato Casagrande (PSB-ES), um dos relatores do processo que pediu a cassação de Renan Calheiros, disse que se sente frustrado com o resultado da votação. Ele classificou a soberania do Senado como arrogante e disse que a instituição continua "sangrando".
- Não temos uma resposta para a sociedade. Não tenho nem o que falar. A sociedade se enfraquece e sangra - disse Casagrande.
Heloísa Helena (PSOL-AL) classificou o resultado da absolvição do presidente do Senado como um "conluio para acobertar o Renan". Ela disse que o partido vai exigir a continuidade das investigações contra o parlamentar.
- Lógico que ficamos constrangidos com um resultado como esses - comentou.
Muito irritado, o senador Demóstenes Torres (DEM-GO), deixou o plenário do Senado criticando o resultado da votação.
- Tem que ser designado rápido um relator para os outros processos (no Conselho de Ética) para que possamos sair desse calvário - disse Demóstenes.
O senador complementou, chateado:
- Todos agora vamos pagar pelo erro que cometemos.
O senador Tião Viana (PT-AC), vice-presidente do Senado que conduziu a sessão desta quarta-feira, lembrou que ainda existem mais três representações contra Calheiros e que, por isso, ele vai trabalhar para que a Casa não paralise.
- Temos que trabalhar mais com a possibilidade do diálogo entre os partidos - disse.
- O líder do Democratas, José Agripino Maia (RN), disse que a primeira atitude de seu partido será exigir imediatamente para o presidente do Conselho de Ética do Senado a indicação de relatores para os outros processos contra Calheiros.
Renan deixou o Plenário da Casa logo depois que o resultado da votação, que indicou sua absolvição, foi divulgado. Ele saiu rapidamente e não quis dar declarações à imprensa.
Segundo sua assessoria, o senador foi para a residência oficial, na Península dos Ministros, assim que a votação foi encerrada.
Renan ainda terá pela frente mais três representações por quebra de decoro. Uma sobre suposto favorecimento à cervejaria Schincariol em negociação de dívidas com a Receita Federal e com o INSS, outra relativa ao uso de laranjas para a compra de duas emissoras de rádio e um jornal em Alagoas, e uma terceira referente à denúncia de desvio de dinheiro público junto a ministérios administrados pelo PMDB.
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