terça-feira, 13 de novembro de 2007

Homem se casa com cadela na Índia

P. Selvakumar fez uma cerimônia tradicional para sua união com a vira-lata Selvi. Ele quer aliviar 'maldição' criada após ter apedrejado outros dois cães.

13/11/2007

Do G1, em São Paulo

O indiano P. Selvakumar casou-se com a cadela vira-lata Selvi em uma tradicional cerimônia hindu em Manamadurai, no sul do país, no último final de semana. A "noiva" estava usando a tradicional roupa de casamento, enfeitada com flores.

Foto: AP
P. Selvakumar, o noivo, e a cadela Selvi, a noiva, em tradicional casamento na Índia, realizado no último final de semana (Foto: AP)

Selvakumar decidiu casar-se com uma cadela por acreditar que está "amaldiçoado", após ter matado dois outros cachorros por apedrejamento, há 15 anos.

"Depois disso minhas pernas e braços ficaram paralisados e eu perdi a audição em um dos ouvidos", ele afirmou ao jornal "Hindustan Times".

Selvakumar consultou um astrólogo, que lhe disse que a única forma de curar a maldição era casando-se com uma cachorra.

Segundo o jornal local, a família de Selvakumar ganhou uma festa após a cerimônia. Já a cadela Selvi, um pão doce.

Morte de iraniana levanta polêmica sobre "leis moralizantes

12/11/2007 - 20h45


da Ansa, em Teerã - Folha de São Paulo

A recente morte de uma jovem médica que tinha sido presa por "desrespeito à moral islâmica" despertou a reação da imprensa crítica ao governo. Segundo a versão oficial, questionada pelos jornais reformistas e por um deputado, Zahra Bani-Ameri teria se suicidado na prisão.

A jovem, recém-formada em medicina, foi detida por policiais porque estava em um parque em companhia de um rapaz. O episódio aconteceu no âmbito de uma campanha oficial para reforçar as punições contra os comportamentos considerados contrários à "moralidade", segundo uma nova lista de proibições sobre vestimentas femininas em vigor no país.

A morte de Zahra aconteceu em 13 de outubro último no centro policial de Hamadã, no oeste do Irã, onde ela prestava serviço em áreas carentes.

Segundo o deputado Hamid Haji-Babai, citado pelo site ASR-Irã, Zahra morreu no segundo dia de detenção. "Sua prisão foi incorreta e injustificada e eu continuarei a seguir o caso para esclarecer isso que eles definiram como 'suicídio'".

Dez dias após a morte da médica, os estudantes da Universidade Avicena de Hamadã pediram às autoridades explicações sobre a morte de uma jovem em uma manifestação.

Segundo a imprensa reformista, os pais de Zahra teriam a intenção de pedir assistência legal da advogada Shirin Ebadi, ganhadora do prêmio Nobel da Paz.

Ao mesmo tempo, a polícia iraniana advertiu que continuará a campanha "moralizante" iniciada em abril último. Entre outras coisas, é "vetado às mulheres sair à rua usando, ao invés do véu, chapéus ou xales que não cubram completamente o pescoço e a cabeça".

As novas leis iranianas dizem respeito também aos homens, que são proibidos que "vestir modelos corruptos ocidentais, exibindo o nome de marcas ou símbolos proibidos", ou seja, grupos de música ocidentais de rock e rap, atualmente populares entre jovens iranianos.

quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Novas tecnologias mudam relação homem-trabalho

Folha de S. Paulo – 30/10/05

Pelo menos uma ferramenta consegue reunir atualmente carreiras tão díspares como a medicina e a engenharia, a administração e a pesquisa científica, a física e o direito: o computador. Raras ocupações, pelo menos entre as mais valorizadas, estão hoje livres do contato com essas máquinas. No futuro, serão ainda menos. No ranking das dez profissões de nível superior que mais crescerão até 2012, nada menos do que sete exigem a manipulação de computadores. Analistas de redes e de dados lideram o ranking de expansão, segundo previsão do Departamento de Estatísticas do Trabalho dos Estados Unidos.

A própria compartimentação do trabalho em áreas delimitadas, aliás, está posta em xeque. "É uma tendência contemporânea que os trabalhos altamente qualificados encontrem-se mais integrados que no passado. Para as profissões de ponta, a cooperação tornou-se uma espécie de condição sem a qual o desenvolvimento de projetos inovadores fica prejudicado", observa Ruy Braga, professor de sociologia do trabalho da USP (Universidade de São Paulo).

Multidisciplinaridade, dizem os especialistas, é a palavra de ordem. Por isso, geneticistas costumam ser biólogos ou médicos de formação, mas matemáticos, estatísticos e engenheiros da computação são bem-vindos na área. "O novo profissional reúne muitas competências", resume a professora Regina Vasconcellos Antônio, do grupo de engenharia genômica da Universidade Federal de Santa Catarina.

O mesmo acontece na área de saúde, que comporta, em seus ramos mais "high-tech", físicos, especialistas em computação e engenheiros biomédicos. O coordenador-geral da disciplina de telemedicina da USP, Chau Lung Wen, define o trabalho em sua área como "a arte de reunir profissionais diferentes para atuar em conjunto usando tecnologia".

Neste especial a Folha selecionou seis "tecnoprofissões", cujo cotidiano difere muito do que se considera um trabalho "tradicional". São carreiras que lidam com realidade virtual, manipulação de átomos e genes, máquinas invisíveis a olho nu, robôs, imagens ultra-realistas do corpo humano, chaves criptográficas e fontes alternativas de energia.

Algumas dessas ocupações são promissoras; outras, por muito especializadas, mal absorvem a mão-de-obra que sai anualmente de graduações e, especialmente, de mestrados e doutorados.

Enquanto algumas profissões de ponta antecipam o que pode vir a se tornar banal daqui a 50 anos, como lidar com realidade virtual ou nanomáquinas, especialistas se esmeram em imaginar quais serão as ocupações do futuro, que ainda nem existem.

Os consultores de negócios Adam Hanft e Faith Popcorn imaginam o nascimento de funções como "designers de gráficos de explanação" (especialistas em facilitar a visualização da grande quantidade de dados do mundo moderno), "mordomos de tecnologia" ("personal trainers" de todo tipo de parafernália) e "especialistas em simplicidade" (capazes de tornar softwares e hardwares mais fáceis de domar), entre outras profissões.

Sem equipamentos, médicos usam papelão para imobilizar pacientes com fraturas

Publicada em 24/10/2007 às 00h44m

O Globo

Paciente com fraturas na perna e no quadril e lesão cervical é imobilizado com papelão no Hospital da Posse, em agosto / Foto: Divulgação

RIO - A escassez de recursos nos hospitais públicos do Rio transformou os improvisos em perigosa rotina nas emergências. Depois da denúncia do uso de furadeiras em neurocirurgias , agora na falta de colares cervicais e talas, médicos utilizam papelão e ataduras para imobilizar pacientes com fraturas e lesões na coluna. Doentes com traumatismo craniano também são internados em cadeiras e até mesmo em macas para cadáveres em hospitais do Rio e de Nova Iguaçu. A exemplo do que já foi feito pelo Ministério Público, a Defensoria Pública da União também entrou com ação na Justiça pedindo o reaparelhamento de unidades municipais e federais do Rio.

Fotos tiradas por funcionários do Hospital da Posse, em Nova Iguaçu, em agosto desse ano, mostram um homem com fraturas na perna e no quadril, além de lesão na coluna, sendo imobilizado com pedaços de papelão e ataduras. Na cena, é possível notar o esforço de médicos e enfermeiros para apertar as ataduras e prender o doente à maca.

Para o vereador Carlos Eduardo, presidente da Comissão de Saúde da Câmara Municipal, improvisar virou rotina para os médicos da rede pública. Ele diz que imobilizações com papelão e ataduras e com frascos de soro para apoiar a cabeça dos doentes são extremamente comuns, assim como a utilização de luvas com a ponta de um dedo cortada, como drenos.

A Secretaria municipal de Saúde nega que haja falta de materiais nos hospitais. No caso do paciente fotografado numa maca para cadáveres e com colar cervical improvisado no Miguel Couto, o órgão disse que, provavelmente, ele já chegou nessas condições ao hospital e, depois de receber o primeiro atendimento, foi devidamente acomodado.

ONU volta a pedir fim do embargo americano contra Cuba

BBCBrasil - 31 de outubro de 2007

A Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou nesta terça-feira, pelo 16° ano consecutivo, uma resolução que pede o fim do embargo americano contra Cuba, imposto há mais de 40 anos.

O embargo foi imposto em 1962, pouco depois da chegada de Fidel Castro ao poder.

A resolução recebeu 184 votos a favor, quatro contra (Estados Unidos, Israel, Palau e Ilhas Marshall) e uma abstenção (Micronésia).

O documento pede o fim do embargo econômico, comercial e financeiro contra Cuba "o mais rápido possível".

"Guerra"

O ministro de Relações Exteriores de Cuba, Felipe Pérez Roque, disse diante da Assembléia Geral que os Estados Unidos estão recrudescendo o que chamou de "brutal guerra econômica" contra seu país.

Segundo a correspondente da BBC na ONU, Laura Trevelyan, todos os que se manifestaram na Assembléia Geral nesta terça-feira denunciaram o embargo americano, considerado desumano e um vestígio da Guerra Fria.

A resolução, no entanto, não tem força legal e ocorre uma semana depois de o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, ter afirmado que o embargo contra Cuba será mantido enquanto o regime comunista estiver no poder na ilha.








quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Pesquisas mostram que política do desarmamento reduziu mortes por arma de fogo

19:37 - 21/10/2005

Irene Lôbo
Repórter da Agência Brasil


Brasília – Três pesquisas recentes mostram que a política de desarmamento implantada no país a partir de 2004 ajudou a reduzir o número de mortes por armas de fogo e o número de internações no Sistema Único de Saúde (SUS).

A primeira pesquisa, produzida pelo Ministério da Saúde, foi baseada num cruzamento de dados do Sistema de Informações sobre a Mortalidade com o número de armas recolhidas durante a Campanha do Desarmamento. O estudo, divulgado em setembro, aponta que foram poupadas 3.234 vidas em 2004 em relação ao ano de 2003 pela redução do uso de armas de fogo.

A segunda pesquisa, organizada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) em parceria com Ministério da Saúde e Ministério da Justiça, chamada de "Vidas Poupadas - o impacto do desarmamento no Brasil", afirma que sem a Campanha e o Estatuto do Desarmamento, 5.563 pessoas teriam morrido no país em 2004 vítimas de armas de fogo.

Uma última pesquisa, intitulada "Impacto da Política de Desarmamento na Internação por Arma de Fogo" foi divulgada em outubro pela Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) do Ministério da Saúde. O estudo mostra que as internações por armas de fogo caíram 13% em 2004 em relação a 2003, o que representou menos 869 pessoas feridas por bala atendidas nas unidades públicas de saúde.

A primeira pesquisa, que utilizou dados do Sistema de Mortalidade, mostra que houve uma redução no número de mortes por arma de 8,2% em 2004 em relação a 2003. Já a segunda pesquisa, revela que o número de mortes caiu 15,4% no mesmo período, contrariando uma tendência de crescimento médio de 7,2% ao ano registradas de 1999 a 2003. Segundo o estudo da Unesco, essa foi a primeira vez em 13 anos que o país registrou queda nessa estatística.

Os dados da Unesco atribuem a queda no número de mortes à Campanha do Desarmamento, iniciada em 15 de julho de 2004. O estudo afirma que quando a gratificação pela entrega de armas teve início, foi registrada queda de 18,4% no número de vítimas em relação a 2003.

As informações do Ministério da Saúde apontaram que São Paulo foi o estado brasileiro com maior redução no número de mortes. Foram 1.960 a menos em 2004 em relação a 2003, uma queda de 19%, parecida com a média nacional que aparece na pesquisa da Unesco. O Rio de Janeiro foi o segundo estado com maior redução no número de mortes, com 672 a menos. No total, o número de mortes por armas de fogo caiu em 18 estados da federação.

O estudo sobre internações também relaciona a queda acentuada das internações com a Campanha do Desarmamento. A pesquisa mostra que os estados com alto recolhimento de armas de fogo apresentaram queda mais acentuada das internações a partir de julho de 2004, quando teve início a entrega voluntária de armas. No Espírito Santo, por exemplo, onde foi baixa a adesão à campanha do desarmamento, não houve redução das internações por armas de fogo.
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Veja abaixo tabela demonstrativa dos crimes

A imagem “http://www.cosmo.com.br/galeria/fotos/2005/infografias/alta/2005/07/infografico_desarma.jpg” contém erros e não pode ser exibida.


Tabaco e pobreza é o tema do dia mundial de combate ao tabagismo

12:46 - 30/05/2004

Irene Lôbo
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O chaveiro Valdetino Costa, de 44 anos, decidiu parar de fumar. Depois de 25 anos fumando, Costa fez as contas e descobriu que orçamento familiar não pode mais sustentar o vício. Os 30 cigarros por dia e 45 maços por mês comprometiam 22,5% da renda mensal familiar, em média, R$ 500,00. "O preço do cigarro ficou muito alto. Eu, que sou casado, tive que optar entre comprar leite e pão todos os dias ou comprar cigarro", disse ele.

Segundo estudos da Organização Mundial de Saúde (OMS), a dependência do tabaco faz com que famílias de baixa renda desviem para a compra de cigarros o dinheiro que deveria ser gasto com alimentação, lazer ou cuidados com a saúde. Por esse motivo, a entidade escolheu o tema Tabaco e Pobreza – um círculo vicioso, para celebrar amanhã (31) mais um Dia Mundial sem Tabaco.

Uma pesquisa recente encomendada pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) e pela Fundação do Coração (Funcor) também constatou uma relação direta entre o tabaco e a pobreza. A pesquisa, realizada pelo Instituto Vox Populi, ouviu 1.200 pessoas em 70 cidades brasileiras e constatou que, entre os fumantes, 46,8% recebem entre um e cinco salários mínimos; 24,5%, até um mínimo; 14,5%, entre cinco e dez mínimos; e 14,1%, acima de dez salários.

De acordo com a pesquisa, a baixa escolaridade também está relacionada ao vício do tabagismo. Entre os fumantes, 34,6% se declaram analfabetos ou terem cursado até o 4º ano do ensino fundamental, 36,8% têm até o 8º ano do fundamental, 21,2%, o ensino médio e 7,4%, o curso superior.

O diretor-executivo da SBC/Funcor, Raimundo Marques, diz que é necessário direcionar as campanhas preventivas para a população de baixa renda. "O que nós observamos é que a população de menor renda é a que está mais exposta ao risco do tabaco. Com o resultado da pesquisa, vamos direcionar nossas campanhas para essa população, já que a orientação costuma ser direcionada ao público com maior capacidade de entendimento", critica.

Para o pneumologista do Instituto Nacional do Câncer (Inca) Ricardo Meirelles, a associação entre tabaco e pobreza pode ser explicada pela baixa escolaridade e pelo preço do produto. "O cigarro brasileiro é um dos mais baratos do mundo. É mais barato comprar cigarro do que comprar comida, o que é um absurdo", afirma Meirelles. O presidente da SBC concorda com Meirelles: "O cigarro pode até pesar no orçamento, mas ainda é relativamente barato".

Cerca de 50 doenças estão associadas ao tabagismo. A principal é o câncer de pulmão, tipo que no Brasil aparece como primeira causa de morte por câncer em homens e segunda em mulheres. Segundo estimativas mais recentes do Inca, em 2003, foram registradas 11.315 mortes de homens e 4.915 mortes de mulheres nos estados brasileiros por câncer de pulmão, traquéia e brônquios.

Os especialistas afirmam que quem fuma de um a nove cigarros por dia tem seis vezes mais chances de ter câncer de pulmão. Outros prejuízos causados pelo tabagismo são o aumento da pressão arterial e de risco para infarto, acidente vascular cerebral, derrame cerebral e impotência sexual, entre outros.

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Dissidentes cibernéticos driblam censura de Mianmar


Protestos em Mianmar
Imagens de passeatas de monges têm sido vistas mundo afora
Os bloggers de Mianmar (antiga Birmânia) estão usando a internet para driblar a censura e contar ao mundo o que está acontecendo debaixo do manto de silêncio imposto pela junta militar.

Imagens de monges com mantos laranja liderando multidões pelas ruas de Yangun vêm sendo transmitidas para fora do país conhecido por seu regime totalitário e pelo controle repressivo da informação.

As fotos são às vezes granuladas e as imagens de vídeo tremidas – capturadas sob grande risco pessoal com telefones celulares -, mas cada uma representa uma poderosa reafirmação de dissidência política.

“É impressionante como a população de Mianmar tem sido capaz de receber coisas de dentro e de fora por meio de redes clandestinas”, diz Vincent Brussels, chefe da seção asiática da organização Repórteres sem Fronteiras, que defende a liberdade de imprensa.

“Antes, eles tinham que passar as coisas de mão em mão, mas agora estão usando a internet – sites proxy (que permitem a conexão sem identificar o usuário, burlando os controles), o Google, o Youtube e todas essas coisas”, diz.

Diferenças de 1988

O uso da internet como uma ferramenta política é uma das diferenças mais marcantes entre os atuais protestos e o levante de 1988, que foi brutalmente reprimido.

Graças em parte aos bloggers, desta vez o mundo exterior está a par dos detalhes do que está acontecendo nas ruas de Yangun, Mandalay e Pakokku e está sedento por mais informações.

O blooger Ko Htike, nascido em Mianmar mas atualmente radicado em Londres, está transformando seu blog anteriormente dedicado à literatura em uma agência de notícias, com um crescimento de dez vezes na audiência.

Ele publica fotos, vídeos e informações enviadas a ele por uma rede de contatos clandestinos com o país.

“Eu tenho cerca de dez pessoas por lá, em locais diferentes. Eles me enviam seu material de internet-cafés, por meio de páginas de acesso livre ou às vezes por e-mail”, disse ele à BBC.

“Todos os meus contatos estão entre os budistas, acompanhando as passeatas, e assim que conseguem alguma imagem ou notícia eles entram num internet-café e mandam para mim”, disse.

Ko Htike é um dos vários ativistas online de Mianmar, em sua maioria baseados fora das fronteiras do país.

Guia para dissidentes

Protestos em Mianmar
Para analistas, regime subestimou potencial da internet
Os Repórteres sem Fronteira relatam como um guia para dissidentes cibernéticos para jovens do país foi febrilmente disseminado entre um grande grupo de jovens, politicamente ativos e com prática no uso de computadores.

Os bloggers estão ensinando outros a usar sites proxy baseados no exterior – como your.freedom.net e glite.sayni.net – para ver páginas bloqueadas e navegar virtualmente sem serem detectados pelo ciberespaço, trocando dicas e links em suas páginas.

A internet também se tornou um espaço virtual para grupos políticos que não podiam expressar abertamente suas visões em público.

Ko Htike encontrou sua rede de jornalistas-cidadãos em um fórum de internet que foi rapidamente desmontado após os contatos iniciais.

Tais fóruns também são usados como um espaço para alertar aos bloggers quando conteúdos novos – fotos ou vídeos – ficam disponíveis.

“Nós normalmente usamos salas de bate-papo na internet, como o Yahoo Messenger”, diz Ko Htike. “Se eles encontram dificuldades, eles nos ligam. Eles não dizem nada, apenas nos passam links ou um código, sem mencionar nada sobre isso.”

Potencial subestimado

Analistas concordam que apesar de o acesso à internet estar disponível atualmente para menos de 1% da população, o regime militar subestimou seu potencial.

O regime parou de se concentrar em policiar suas fronteiras virtuais após uma luta pelo poder que resultou na deposição do então primeiro-ministro Khin Nyunt em outubro de 2004, segundo afirma Brussels, da Repórteres sem Fronteiras.

“Khin Nyunt era um homem da inteligência militar, que tinha uma grande rede de espiões e pessoas que eram bastante atentas sobre todos esses tipos de controle. Após sua deposição, eles não tinham mais muito conhecimento nessa área”, disse Brussels.

“Tem havido oportunidade para as pessoas no país de usar seus conhecimentos. Eles são jornalistas e usuários de computador jovens, que sabem como driblar o bloqueio e a censura”, afirma.

Apesar de manter o controle total dos dois únicos provedores de internet e de limitar severamente o uso da internet – qualquer um que não registre seu computador conectado à internet está sujeito a uma pena de 15 anos de prisão – Ko Htike diz que a atual crise tornou os líderes do país cientes da ameaça representada pelos bloggers.

Protestos em Mianmar
Blogger diz que governo tenta espalhar boatos por meio da rede
Ele descreveu como tem recebido e-mails pessoais – e manifestantes dentro de Mianmar receberam mensagens por celular – espalhando informações falsas e boatos, por exemplo sobre repressão militar aos manifestantes.

Ele está convencido de que os boatos são espalhados pelas autoridades de Mianmar, tentando influenciar os manifestantes e disseminar propaganda governamental por meio de sua página.

“Muitas pessoas estão lendo meu blog, então se eu colocar notícias falsas no site isso vai afetar as pessoas. Eles (o governo) podem ver a audiência, podem ver que as pessoas estão acessando minha página... isso significa que estão tão temerosos que estão tentando me manipular e usar o poder popular”, disse Ko Htike.

Sistemas pouco sofisticados

Comparados com os controles virtuais e físicos sobre a internet na China, porém, os sistemas em Mianmar são bem pouco sofisticados, segundo os especialistas.

“O governo de Mianmar tem um regime de filtragem bem repressivo... mas isso pode ser um pouco inconsistente – um dos provedores de internet bloqueia somente as páginas internacionais, o outro apenas as regionais”, diz Ian Brown, especialista em privacidade e segurança na internet da Universidade de Oxford.

Os bloggers de Mianmar se dedicam a explorar as brechas.

“Isso é realmente importante; as pessoas querem saber o que está acontecendo em Mianmar”, diz Ko Htike.

Por meio de sua rede cibernética, ele também pretende proteger aqueles que arriscam suas vidas para alimentar seu blog, agora proibido dentro do país.

“Eu monitoro as notícias sobre Mianmar e renovo meu site constantemente, Se alguma coisa acontece, nós podemos avisar as pessoas. Nós podemos fazer algo, podemos manter as pessoas cientes”, afirma.

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

RENAN CALHEIROS É ABSOLVIDO

Agência JB - 12/09/2007

BRASÍLIA - Encerrada a votação do plenário do Senado Federal, o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), foi absolvido por 40 votos a 35, pondo um fim a 110 dias de processo por quebra de decoro parlamentar.

Uma grande frustação tomou conta dos senadores que esperavam pela cassação do senador. Esta foi a primeira vez na história em que um presidente da Casa teve uma cassação avaliada em Plenário. Após votação secreta, 40 senadores votaram pela absolvição, 35 votaram pela cassação e seis se abstiveram.

O presidente do PSDB, Tasso Jereissati, estava visivelmente abalado e chateado com o resultado da votação.

- Me decepcionei. Isso é resultado da relação de promiscuidade da relação do governo com a Câmara Federal. A sinceridade se perdeu. Um clima de traição, de mentiras, foi o que houve durante a votação. Não tenho a menor dúvida de que o PT teve muito a ver com isso, ajudou bastante. Pena que a descrença nos senadores vai continuar. Isso é um crime contra a instituição - disse.

O senador Renato Casagrande (PSB-ES), um dos relatores do processo que pediu a cassação de Renan Calheiros, disse que se sente frustrado com o resultado da votação. Ele classificou a soberania do Senado como arrogante e disse que a instituição continua "sangrando".

- Não temos uma resposta para a sociedade. Não tenho nem o que falar. A sociedade se enfraquece e sangra - disse Casagrande.

Heloísa Helena (PSOL-AL) classificou o resultado da absolvição do presidente do Senado como um "conluio para acobertar o Renan". Ela disse que o partido vai exigir a continuidade das investigações contra o parlamentar.

- Lógico que ficamos constrangidos com um resultado como esses - comentou.

Muito irritado, o senador Demóstenes Torres (DEM-GO), deixou o plenário do Senado criticando o resultado da votação.

- Tem que ser designado rápido um relator para os outros processos (no Conselho de Ética) para que possamos sair desse calvário - disse Demóstenes.

O senador complementou, chateado:

- Todos agora vamos pagar pelo erro que cometemos.

O senador Tião Viana (PT-AC), vice-presidente do Senado que conduziu a sessão desta quarta-feira, lembrou que ainda existem mais três representações contra Calheiros e que, por isso, ele vai trabalhar para que a Casa não paralise.

- Temos que trabalhar mais com a possibilidade do diálogo entre os partidos - disse.

- O líder do Democratas, José Agripino Maia (RN), disse que a primeira atitude de seu partido será exigir imediatamente para o presidente do Conselho de Ética do Senado a indicação de relatores para os outros processos contra Calheiros.

Renan deixou o Plenário da Casa logo depois que o resultado da votação, que indicou sua absolvição, foi divulgado. Ele saiu rapidamente e não quis dar declarações à imprensa.

Segundo sua assessoria, o senador foi para a residência oficial, na Península dos Ministros, assim que a votação foi encerrada.

Renan ainda terá pela frente mais três representações por quebra de decoro. Uma sobre suposto favorecimento à cervejaria Schincariol em negociação de dívidas com a Receita Federal e com o INSS, outra relativa ao uso de laranjas para a compra de duas emissoras de rádio e um jornal em Alagoas, e uma terceira referente à denúncia de desvio de dinheiro público junto a ministérios administrados pelo PMDB.

terça-feira, 28 de agosto de 2007

RITOS CORPORAIS ENTRE OS NACIREMA

Horace Miner
In: A.K. Rooney e P.L. de Vore (orgs)
YOU AND THE OTHERS - Readings in Introductory Anthropology
(Cambridge, Erlich)
1976

O antropólogo está tão familiarizado com a diversidade das formas de comportamento que diferentes povos apresentam em situações semelhantes, que é incapaz de surpreender-se mesmo em face dos costumes mais exóticos. De fato, se nem todas as as combinações logicamente possíveis de comportamento foram ainda descobertas, o antropólogo bem pode conjeturar que elas devam existir em alguma tribo ainda não descrita.

Deste ponto de vista, as crenças e práticas mágicas dos Nacirema apresentam aspectos tão inusitados que parece apropriado descrevê-los como exemplo dos extremos a que pode chegar o comportamento humano. Foi o Professor Linton, em 1936, o primeiro a chamar a atenção dos antropólogos para os rituais dos Nacirema, mas a cultura desse povo permanece insuficientemente compreendida ainda hoje.

Trata-se de um grupo norte-americano que vive no território entre os Cree do Canadá, os Yaqui e os Tarahumare do México, e os Carib e Arawak das Antilhas. Pouco se sabe sobre sua origem, embora a tradição relate que vieram do leste. Conforme a mitologia dos Nacirema, um herói cultural, Notgnihsaw, deu origem à sua nação; ele é, por outro lado, conhecido por duas façanhas de força: ter atirado um colar de conchas, usado pelos Nacirema como dinheiro, através do rio Po- To- Mac e ter derrubado uma cerejeira na qual residiria o Espírito da Verdade.

A cultura Nacirema caracteriza-se por uma economia de mercado altamente desenvolvida, que evolui em um rico habitat. Apesar do povo dedicar muito do seu tempo às atividades econômicas, uma grande parte dos frutos deste trabalho e uma considerável porção do dia são dispensados em atividades rituais. O foco destas atividades é o corpo humano, cuja aparência e saúde surgem como o interesse dominante no ethos deste povo. Embora tal tipo de interesse não seja, por certo, raro, seus aspectos cerimoniais e a filosofia a eles associadas são singulares.

A crença fundamental subjacente a todo o sistema parece ser a de que o corpo humano é repugnante e que sua tendência natural é para a debilidade e a doença. Encarcerado em tal corpo, a única esperança do homem é desviar estas características através do uso das poderosas influências do ritual e do cerimonial. Cada moradia tem um ou mais santuários devotados a este propósito. Os indivíduos mais poderosos desta sociedade têm muitos santuários em suas casas e, de fato, a alusão à opulência de uma casa, muito freqüentemente, é feita em termos do número de tais centros rituais que possua. Muitas casas são construções de madeira, toscamente pintadas, mas as câmeras de culto das mais ricas têm paredes de pedra. As famílias mais pobres imitam as ricas, aplicando placas de cerâmica às paredes de seu santuário.

Embora cada família tenha pelo menos um de tais santuários, os rituais a eles associados não são cerimônias familiares, mas sim cerimônias privadas e secretas. Os ritos, normalmente, são discutidos apenas com as crianças e, neste caso, somente durante o período em que estão sendo iniciadas em seus mistérios. Eu pude, contudo, estabelecer contato suficiente com os nativos para examinar estes santuários e obter descrições dos rituais.

O ponto focal do santuário é uma caixa ou cofre embutido na parede. Neste cofre são guardados os inúmeros encantamentos e poções mágicas sem os quais nenhum nativo acredita que poderia viver. Tais preparados são conseguidos através de uma serie de profissionais especializados, os mais poderosos dos quais são os médicos-feiticeiros, cujo auxilio deve ser recompensado com dádivas substanciais. Contudo, os médicos-feiticeiros não fornecem a seus clientes as poções de cura; somente decidem quais devem ser seus ingredientes e então os escrevem em sua linguagem antiga e secreta. Esta escrita é entendida apenas pelos médicos-feiticeiros e pelos ervatários, os quais, em troca de outra dadiva, providenciam o encantamento necessário. Os Nacirema não se desfazem do encantamento após seu uso, mas os colocam na caixa-de-encantamento do santuário doméstico. Como tais substâncias mágicas são especificas para certas doenças e as doenças do povo, reais ou imaginárias, são muitas, a caixa-de-encantamentos está geralmente a ponto de transbordar. Os pacotes mágicos são tão numerosos que as pessoas esquecem quais são suas finalidades e temem usá-los de novo. Embora os nativos sejam muito vagos quanto a este aspecto, só podemos concluir que aquilo que os leva a conservar todas as velhas substâncias é a idéia de que sua presença na caixa-de-encantamentos, em frente à qual são efetuados os ritos corporais, irá, de alguma forma, proteger o adorador.

Abaixo da caixa-de-encantamentos existe uma pequena pia batismal. Todos os dias cada membro da família, um após o outro, entra no santuário, inclina sua fronte ante a caixa-de-encantamentos, mistura diferentes tipos de águas sagradas na pia batismal e procede a um breve rito de ablução. As águas sagradas vêm do Templo da Água da comunidade, onde os sacerdotes executam elaboradas cerimônias para tornar o líquido ritualmente puro.

Na hierarquia dos mágicos profissionais, logo abaixo dos médicos-feiticeiros no que diz respeito ao prestígio, estão os especialistas cuja designação pode ser traduzida por "sagrados-homens-da-boca". Os Nacirema têm um horror quase que patológico, e ao mesmo tempo fascinação, pela cavidade bucal, cujo estado acreditam ter uma influência sobre todas as relações sociais. Acreditam que, se não fosse pelos rituais bucais seus dentes cairiam, seus amigos os abandonariam e seus namorados os rejeitariam. Acreditam também na existência de uma forte relação entre as características orais e as morais: Existe, por exemplo, uma ablução ritual da boca para as crianças que se supõe aprimorar sua fibra moral.

O ritual do corpo executado diariamente por cada Nacirema inclui um rito bucal. Apesar de serem tão escrupulosos no cuidado bucal, este rito envolve uma prática que choca o estrangeiro não iniciado, que só pode considerá-lo revoltante. Foi-me relatado que o ritual consiste na inserção de um pequeno feixe de cerdas de porco na boca juntamente com certos pós mágicos, e em movimentá-lo então numa série de gestos altamente formalizados. Além do ritual bucal privado, as pessoas procuram o mencionado sacerdote-da-boca uma ou duas vezes ao ano. Estes profissionais têm uma impressionante coleção de instrumentos, consistindo de brocas, furadores, sondas e aguilhões. O uso destes objetos no exorcismo dos demônios bucais envolve, para o cliente, uma tortura ritual quase inacreditável. O sacerdote-da-boca abre a boca do cliente e, usando os instrumentos acima citados, alarga todas as cavidades que a degeneração possa ter produzido nos dentes. Nestas cavidades são colocadas substâncias mágicas. Caso não existam cavidades naturais nos dentes, grandes seções de um ou mais dentes são extirpadas para que a substância natural possa ser aplicada. Do ponto de vista do cliente, o propósito destas aplicações é tolher a degeneração e atrair amigos. O caráter extremamente sagrado e tradicional do rito evidencia-se pelo fato de os nativos voltarem ao sacerdote-da-boca ano após ano, não obstante o fato de seus dentes continuarem a degenerar.

Esperemos que quando for realizado um estudo completo dos Nacirema haja um inquérito cuidadoso sobre a estrutura da personalidade destas pessoas, Basta observar o fulgor nos olhos de um sacerdote-da- boca, quando ele enfia um furador num nervo exposto, para se suspeitar que este rito envolve certa dose de sadismo. Se isto puder ser provado, teremos um modelo muito interessante, pois a maioria da população demonstra tendências masoquistas bem definidas.

Foi a estas tendências que o Prof. Linton (1936) se referiu na discussão de uma parte específica dos ritos corporal que é desempenhada apenas por homens. Esta parte do rito envolve raspar e lacerar a superfície da face com um instrumento afiado. Ritos especificamente femininos têm lugar apenas quatro vezes durante cada mês lunar, mas o que lhes falta em freqüência é compensado em barbaridade. Como parte desta cerimônia, as mulheres usam colocar suas cabeças em pequenos fornos por cerca de uma hora. O aspecto teoricamente interessante é que um povo que parece ser preponderantemente masoquista tenha desenvolvido especialistas sádicos.

Os médicos-feiticeiros têm um templo imponente, ou latipsoh, em cada comunidade de certo porte. As cerimônias mais elaboradas, necessárias para tratar de pacientes muito doentes, só podem ser executadas neste templo. Estas cerimônias envolvem não apenas o taumaturgo, mas um grupo permanente de vestais que, com roupas e toucados específicos, movimentam-se serenamente pelas câmaras do templo.

As cerimonias latipsoh são tão cruéis que é de surpreender que uma boa proporção de nativos realmente doentes que entram no templo se recuperem. Sabe-se que as crianças pequenas, cuja doutrinação ainda é incompleta, resistem às tentativas de levá-las ao templo, porque "é lá que se vai para morrer". Apesar disto, adultos doentes não apenas querem mas anseiam por sofrer os prolongados rituais de purificação, quando possuem recursos para tanto. Não importa quão doente esteja o suplicante ou quão grave seja a emergência, os guardiões de muitos templos não admitirão um cliente se ele não puder dar uma dádiva valiosa para a administração. Mesmo depois de ter-se conseguido a admissão, e sobrevivido às cerimônias, os guardiães não permitirão ao neófito abandonar o local se ele não fizer outra doação.

O suplicante que entra no templo é primeiramente despido de todas as suas roupas. Na vida cotidiana o Nacirema evita a exposição de seu corpo e de suas funções naturais. As atividades excretoras e o banho, enquanto parte dos ritos corporais, são realizados apenas no segredo do santuário doméstico. Da perda súbita do segredo do corpo quando da entrada no latipsoh, podem resultar traumas psicológicos. Um homem, cuja própria esposa nunca o viu em um ato excretor, acha-se subitamente nu e auxiliado por uma vestal, enquanto executa suas funções naturais num recipiente sagrado. Este tipo de tratamento cerimonial é necessário porque os excreta são usados por um adivinho para averiguar o curso e a natureza da enfermidade do cliente. Clientes do sexo feminino, por sua vez, têm seus corpos nus submetidos ao escrutínio, manipulação e aguilhadas dos médicos-feiticeiros.

Poucos suplicantes no templo estão suficientemente bons para fazer qualquer coisa além de jazer em duros leitos. As cerimônias diárias, como os ritos do sacerdote-da-boca, envolvem desconforto e tortura. Com precisão ritual as vestais despertam seus miseráveis fardos a cada madrugada e os rolam em seus leitos de dor enquanto executam abluções, com os movimentos formais nos quais estas virgens são altamente treinadas. Em outras horas, elas inserem bastões mágicos na boca do suplicante ou o forçam a engolir substâncias que se supõe serem curativas.
De tempos em tempos o médico-feiticeiro vem ver seus clientes e espeta agulhas magicamente tratadas em sua carne. O fato de que estas cerimônias do templo possam não curar, e possam mesmo matar o neófito, não diminui de modo algum a fé das pessoas no médico feiticeiro.

Resta ainda um outro tipo de profissional, conhecido como um "ouvinte". Este "doutor-bruxo" tem o poder de exorcizar os demônios que se alojam nas cabeças das pessoas enfeitiçadas. Os Nacirema acreditam que os pais enfeitiçam seus próprios filhos; particularmente, teme-se que as mães lancem uma maldição sobre as crianças enquanto lhes ensinam os ritos corporais secretos. A contra-magia do doutor bruxo é inusitada por sua carência de ritual. O paciente simplesmente conta ao "ouvinte" todos os seus problemas e temores, principalmente pelas dificuldades iniciais que consegue rememorar. A memória demonstrada pelos Nacirema nestas sessões de exorcismo é verdadeiramente notável. Não é incomum um paciente deplorar a rejeição que sentiu, quando bebê, ao ser desmamado, e uns poucos indivíduos reportam a origem de seus problemas aos feitos traumáticos de seu próprio nascimento.

Como conclusão, deve-se fazer referência a certas práticas que têm suas bases na estética nativa, mas que decorrem da aversão profunda ao corpo natural e suas funções. Existem jejuns rituais para tornar magras pessoas gordas, e banquetes cerimoniais para tornar gordas pessoas magras. Outros ritos são usados para tornar maiores os seios das mulheres que os têm pequenos e torná-los menores quando são grandes. A insatisfação geral com o tamanho do seio é simbolizada no fato de a forma ideal estar virtualmente além da escala de variação humana. Umas poucas mulheres, dotadas de um desenvolvimento hipermamário quase inumano, são tão idolatradas que podem levar uma boa vida simplesmente indo de cidade em cidade e permitindo aos embasbacados nativos, em troca de uma taxa, contemplarem-nos.

Já fizemos referência ao fato de que as funções excretoras são ritualizadas, rotinizadas e relegadas ao segredo. As funções naturais de reprodução são, da mesma forma, distorcidas. O intercurso sexual é tabu enquanto assunto, e é programado enquanto ato. São feitos esforços para evitar a gravidez, pelo uso de substâncias mágicas ou pela limitação do intercurso sexual a certas fases da lua. A concepção é na realidade, pouco freqüente. Quando grávidas as mulheres vestem-se de modo a esconder o estado. O parto tem lugar em segredo, sem amigos ou parentes para ajudar, e a maioria das mulheres não amamenta seus rebentos.

Nossa análise da vida ritual dos Nacirema certamente demonstrou ser este povo dominado pela crença na magia. É difícil compreender como tal povo conseguiu sobreviver por tão longo tempo sob a carga que impôs sobre si mesmo. Mas até costumes tão exóticos quanto estes aqui descritos ganham seu real significado quando são encarados sob o ângulo relevado por Malinowski, quando escreveu:

"Olhando de longe e de cima de nossos altos postos de segurança na civilização desenvolvida, é fácil perceber toda a crueza e irrelevância da magia. Mas sem seu poder de orientação, o homem primitivo não poderia ter dominado, como o fêz, suas dificuldades práticas, nem poderia ter avançado aos estágios mais altos da civilização"

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

TECNOLOGIA PERMITE RECARREGAR CELULAR COM CALOR DA MÃO


Nova tecnologia permitirá recarregar celular através do calor das mãos

Bruxelas, 7 ago (EFE).- Cientistas alemães estão desenvolvendo uma tecnologia que servirá para transformar a temperatura corporal em energia e que permitirá, entre outras aplicações cotidianas, recarregar a bateria do celular com o calor das mãos.

Em comunicado, a Comissão Européia (CE, órgão executivo da União Européia) divulgou que cientistas do Instituto de Circuitos Integrados Fraunhofer, na Alemanha, determinaram que esta geração de energia é obtida "graças às diferenças de temperaturas entre ambientes quentess e frios".

A transformação em energia é alcançada a partir dos mesmos princípios pelos quais funciona um gerador termoelétrico, dispositivo que, em sua forma tradicional, pode gerar até 200 milivolts.

Até agora, os cientistas conseguiram criar circuitos elétricos que conseguem produzir 50 milivolts com o calor humano como única fonte de energia, disse o diretor do projeto, Peter Spies.

Além de ser usada para aplicações cotidianas, esta tecnologia é pensada para fornecer energia a aparelhos médicos, como medidores de pressão ou de ritmo cardíaco.

quinta-feira, 26 de julho de 2007

O que é apartação social?

Prezados alunos,

Conforme combinado segue abaixo pequeno trecho do texto discutido em sala de aula.

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O QUE É APARTAÇÃO SOCIAL?

Um dia destes, no estacionamento de um McDonald’s, em Brasília, dois jovens dentro de um carro se divertiam despejando batatas fritas no chão para que pivetes pobres fossem atrás catando. Quem assistia, se não se divertia também, perguntava-se por que, no Brasil, isto é possível. O que faz com que um grupo se divirta daquela forma e outro rasteje daquele jeito?

Se se sentissem semelhantes aos pivetes, os jovens do carro e os que assistiam teriam alguma solidariedade com a pobreza. Os jovens não fariam aquilo, ou os assistente não deixariam que eles tentassem. Por outro lado, os pivetes se sentissem um mínimo de dignidade, teriam assaltado os donos do carro em vez de rastejar pelas batatas fritas.

O que permitiu a cena repugnante foi que os donos do carro se sentiam diferente dos pobres pivetes. E estes, além de terem medo dos atentos vigilantes, viam no lixo que vinha dos ricos a única forma de matar a fome. Apesar da língua comum, da mesma bandeira, de poderem votar no mesmo presidente, os dois grupos se sentiam apartados um do outro, como seres diferentes.

É isso que caracteriza o apartheid. O que disfarça sua ocorrência no Brasil é que os pivetes ainda podem chegar perto dos McDonald’s e muitas pessoas ainda se chocam com uma cena como essa de Brasília.

Mas isso está mudando. Pouco a pouco os brasileiros ricos e quase ricos começam a assumir a diferença em relação aos pobres e se acostumar com a miséria ao lado, construindo mecanismos de separação.

Por isso, é preciso despertar para o problema. Entender o que está ocorrendo e apresentar alternativas.

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Referência:

BUARQUE, Cristovam. O que é apartação. São Paulo: Brasiliense, 1999. p. 9-10

terça-feira, 24 de julho de 2007

Prezados alunos,

Segue abaixo os endereços eletrônicos da Faculdade Unireal para que possam realizar consultas acerca das regras que norteiam o dia a dia acadêmico:

Faculdade Unireal (unidade Santa Maria) - www.unirealsm.com.br

Faculdade Unireal (unidade Plano Piloto) - www.unireal.edu.br

Informo ainda que maiores detalhes devem ser buscados junto à Secretaria e à coordenação de curso.

Boas Vindas!

Desejo boas vindas a todos os alunos que ingressam na Faculdade Unireal neste segundo semestre do ano de 2007.

A população pobre do país será beneficiada com os investimentos públicos da Copa do Mundo de Futebol no Brasil em 2014?