quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Novas tecnologias mudam relação homem-trabalho

Folha de S. Paulo – 30/10/05

Pelo menos uma ferramenta consegue reunir atualmente carreiras tão díspares como a medicina e a engenharia, a administração e a pesquisa científica, a física e o direito: o computador. Raras ocupações, pelo menos entre as mais valorizadas, estão hoje livres do contato com essas máquinas. No futuro, serão ainda menos. No ranking das dez profissões de nível superior que mais crescerão até 2012, nada menos do que sete exigem a manipulação de computadores. Analistas de redes e de dados lideram o ranking de expansão, segundo previsão do Departamento de Estatísticas do Trabalho dos Estados Unidos.

A própria compartimentação do trabalho em áreas delimitadas, aliás, está posta em xeque. "É uma tendência contemporânea que os trabalhos altamente qualificados encontrem-se mais integrados que no passado. Para as profissões de ponta, a cooperação tornou-se uma espécie de condição sem a qual o desenvolvimento de projetos inovadores fica prejudicado", observa Ruy Braga, professor de sociologia do trabalho da USP (Universidade de São Paulo).

Multidisciplinaridade, dizem os especialistas, é a palavra de ordem. Por isso, geneticistas costumam ser biólogos ou médicos de formação, mas matemáticos, estatísticos e engenheiros da computação são bem-vindos na área. "O novo profissional reúne muitas competências", resume a professora Regina Vasconcellos Antônio, do grupo de engenharia genômica da Universidade Federal de Santa Catarina.

O mesmo acontece na área de saúde, que comporta, em seus ramos mais "high-tech", físicos, especialistas em computação e engenheiros biomédicos. O coordenador-geral da disciplina de telemedicina da USP, Chau Lung Wen, define o trabalho em sua área como "a arte de reunir profissionais diferentes para atuar em conjunto usando tecnologia".

Neste especial a Folha selecionou seis "tecnoprofissões", cujo cotidiano difere muito do que se considera um trabalho "tradicional". São carreiras que lidam com realidade virtual, manipulação de átomos e genes, máquinas invisíveis a olho nu, robôs, imagens ultra-realistas do corpo humano, chaves criptográficas e fontes alternativas de energia.

Algumas dessas ocupações são promissoras; outras, por muito especializadas, mal absorvem a mão-de-obra que sai anualmente de graduações e, especialmente, de mestrados e doutorados.

Enquanto algumas profissões de ponta antecipam o que pode vir a se tornar banal daqui a 50 anos, como lidar com realidade virtual ou nanomáquinas, especialistas se esmeram em imaginar quais serão as ocupações do futuro, que ainda nem existem.

Os consultores de negócios Adam Hanft e Faith Popcorn imaginam o nascimento de funções como "designers de gráficos de explanação" (especialistas em facilitar a visualização da grande quantidade de dados do mundo moderno), "mordomos de tecnologia" ("personal trainers" de todo tipo de parafernália) e "especialistas em simplicidade" (capazes de tornar softwares e hardwares mais fáceis de domar), entre outras profissões.

Sem equipamentos, médicos usam papelão para imobilizar pacientes com fraturas

Publicada em 24/10/2007 às 00h44m

O Globo

Paciente com fraturas na perna e no quadril e lesão cervical é imobilizado com papelão no Hospital da Posse, em agosto / Foto: Divulgação

RIO - A escassez de recursos nos hospitais públicos do Rio transformou os improvisos em perigosa rotina nas emergências. Depois da denúncia do uso de furadeiras em neurocirurgias , agora na falta de colares cervicais e talas, médicos utilizam papelão e ataduras para imobilizar pacientes com fraturas e lesões na coluna. Doentes com traumatismo craniano também são internados em cadeiras e até mesmo em macas para cadáveres em hospitais do Rio e de Nova Iguaçu. A exemplo do que já foi feito pelo Ministério Público, a Defensoria Pública da União também entrou com ação na Justiça pedindo o reaparelhamento de unidades municipais e federais do Rio.

Fotos tiradas por funcionários do Hospital da Posse, em Nova Iguaçu, em agosto desse ano, mostram um homem com fraturas na perna e no quadril, além de lesão na coluna, sendo imobilizado com pedaços de papelão e ataduras. Na cena, é possível notar o esforço de médicos e enfermeiros para apertar as ataduras e prender o doente à maca.

Para o vereador Carlos Eduardo, presidente da Comissão de Saúde da Câmara Municipal, improvisar virou rotina para os médicos da rede pública. Ele diz que imobilizações com papelão e ataduras e com frascos de soro para apoiar a cabeça dos doentes são extremamente comuns, assim como a utilização de luvas com a ponta de um dedo cortada, como drenos.

A Secretaria municipal de Saúde nega que haja falta de materiais nos hospitais. No caso do paciente fotografado numa maca para cadáveres e com colar cervical improvisado no Miguel Couto, o órgão disse que, provavelmente, ele já chegou nessas condições ao hospital e, depois de receber o primeiro atendimento, foi devidamente acomodado.

ONU volta a pedir fim do embargo americano contra Cuba

BBCBrasil - 31 de outubro de 2007

A Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou nesta terça-feira, pelo 16° ano consecutivo, uma resolução que pede o fim do embargo americano contra Cuba, imposto há mais de 40 anos.

O embargo foi imposto em 1962, pouco depois da chegada de Fidel Castro ao poder.

A resolução recebeu 184 votos a favor, quatro contra (Estados Unidos, Israel, Palau e Ilhas Marshall) e uma abstenção (Micronésia).

O documento pede o fim do embargo econômico, comercial e financeiro contra Cuba "o mais rápido possível".

"Guerra"

O ministro de Relações Exteriores de Cuba, Felipe Pérez Roque, disse diante da Assembléia Geral que os Estados Unidos estão recrudescendo o que chamou de "brutal guerra econômica" contra seu país.

Segundo a correspondente da BBC na ONU, Laura Trevelyan, todos os que se manifestaram na Assembléia Geral nesta terça-feira denunciaram o embargo americano, considerado desumano e um vestígio da Guerra Fria.

A resolução, no entanto, não tem força legal e ocorre uma semana depois de o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, ter afirmado que o embargo contra Cuba será mantido enquanto o regime comunista estiver no poder na ilha.








quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Pesquisas mostram que política do desarmamento reduziu mortes por arma de fogo

19:37 - 21/10/2005

Irene Lôbo
Repórter da Agência Brasil


Brasília – Três pesquisas recentes mostram que a política de desarmamento implantada no país a partir de 2004 ajudou a reduzir o número de mortes por armas de fogo e o número de internações no Sistema Único de Saúde (SUS).

A primeira pesquisa, produzida pelo Ministério da Saúde, foi baseada num cruzamento de dados do Sistema de Informações sobre a Mortalidade com o número de armas recolhidas durante a Campanha do Desarmamento. O estudo, divulgado em setembro, aponta que foram poupadas 3.234 vidas em 2004 em relação ao ano de 2003 pela redução do uso de armas de fogo.

A segunda pesquisa, organizada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) em parceria com Ministério da Saúde e Ministério da Justiça, chamada de "Vidas Poupadas - o impacto do desarmamento no Brasil", afirma que sem a Campanha e o Estatuto do Desarmamento, 5.563 pessoas teriam morrido no país em 2004 vítimas de armas de fogo.

Uma última pesquisa, intitulada "Impacto da Política de Desarmamento na Internação por Arma de Fogo" foi divulgada em outubro pela Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) do Ministério da Saúde. O estudo mostra que as internações por armas de fogo caíram 13% em 2004 em relação a 2003, o que representou menos 869 pessoas feridas por bala atendidas nas unidades públicas de saúde.

A primeira pesquisa, que utilizou dados do Sistema de Mortalidade, mostra que houve uma redução no número de mortes por arma de 8,2% em 2004 em relação a 2003. Já a segunda pesquisa, revela que o número de mortes caiu 15,4% no mesmo período, contrariando uma tendência de crescimento médio de 7,2% ao ano registradas de 1999 a 2003. Segundo o estudo da Unesco, essa foi a primeira vez em 13 anos que o país registrou queda nessa estatística.

Os dados da Unesco atribuem a queda no número de mortes à Campanha do Desarmamento, iniciada em 15 de julho de 2004. O estudo afirma que quando a gratificação pela entrega de armas teve início, foi registrada queda de 18,4% no número de vítimas em relação a 2003.

As informações do Ministério da Saúde apontaram que São Paulo foi o estado brasileiro com maior redução no número de mortes. Foram 1.960 a menos em 2004 em relação a 2003, uma queda de 19%, parecida com a média nacional que aparece na pesquisa da Unesco. O Rio de Janeiro foi o segundo estado com maior redução no número de mortes, com 672 a menos. No total, o número de mortes por armas de fogo caiu em 18 estados da federação.

O estudo sobre internações também relaciona a queda acentuada das internações com a Campanha do Desarmamento. A pesquisa mostra que os estados com alto recolhimento de armas de fogo apresentaram queda mais acentuada das internações a partir de julho de 2004, quando teve início a entrega voluntária de armas. No Espírito Santo, por exemplo, onde foi baixa a adesão à campanha do desarmamento, não houve redução das internações por armas de fogo.
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Veja abaixo tabela demonstrativa dos crimes

A imagem “http://www.cosmo.com.br/galeria/fotos/2005/infografias/alta/2005/07/infografico_desarma.jpg” contém erros e não pode ser exibida.


Tabaco e pobreza é o tema do dia mundial de combate ao tabagismo

12:46 - 30/05/2004

Irene Lôbo
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O chaveiro Valdetino Costa, de 44 anos, decidiu parar de fumar. Depois de 25 anos fumando, Costa fez as contas e descobriu que orçamento familiar não pode mais sustentar o vício. Os 30 cigarros por dia e 45 maços por mês comprometiam 22,5% da renda mensal familiar, em média, R$ 500,00. "O preço do cigarro ficou muito alto. Eu, que sou casado, tive que optar entre comprar leite e pão todos os dias ou comprar cigarro", disse ele.

Segundo estudos da Organização Mundial de Saúde (OMS), a dependência do tabaco faz com que famílias de baixa renda desviem para a compra de cigarros o dinheiro que deveria ser gasto com alimentação, lazer ou cuidados com a saúde. Por esse motivo, a entidade escolheu o tema Tabaco e Pobreza – um círculo vicioso, para celebrar amanhã (31) mais um Dia Mundial sem Tabaco.

Uma pesquisa recente encomendada pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) e pela Fundação do Coração (Funcor) também constatou uma relação direta entre o tabaco e a pobreza. A pesquisa, realizada pelo Instituto Vox Populi, ouviu 1.200 pessoas em 70 cidades brasileiras e constatou que, entre os fumantes, 46,8% recebem entre um e cinco salários mínimos; 24,5%, até um mínimo; 14,5%, entre cinco e dez mínimos; e 14,1%, acima de dez salários.

De acordo com a pesquisa, a baixa escolaridade também está relacionada ao vício do tabagismo. Entre os fumantes, 34,6% se declaram analfabetos ou terem cursado até o 4º ano do ensino fundamental, 36,8% têm até o 8º ano do fundamental, 21,2%, o ensino médio e 7,4%, o curso superior.

O diretor-executivo da SBC/Funcor, Raimundo Marques, diz que é necessário direcionar as campanhas preventivas para a população de baixa renda. "O que nós observamos é que a população de menor renda é a que está mais exposta ao risco do tabaco. Com o resultado da pesquisa, vamos direcionar nossas campanhas para essa população, já que a orientação costuma ser direcionada ao público com maior capacidade de entendimento", critica.

Para o pneumologista do Instituto Nacional do Câncer (Inca) Ricardo Meirelles, a associação entre tabaco e pobreza pode ser explicada pela baixa escolaridade e pelo preço do produto. "O cigarro brasileiro é um dos mais baratos do mundo. É mais barato comprar cigarro do que comprar comida, o que é um absurdo", afirma Meirelles. O presidente da SBC concorda com Meirelles: "O cigarro pode até pesar no orçamento, mas ainda é relativamente barato".

Cerca de 50 doenças estão associadas ao tabagismo. A principal é o câncer de pulmão, tipo que no Brasil aparece como primeira causa de morte por câncer em homens e segunda em mulheres. Segundo estimativas mais recentes do Inca, em 2003, foram registradas 11.315 mortes de homens e 4.915 mortes de mulheres nos estados brasileiros por câncer de pulmão, traquéia e brônquios.

Os especialistas afirmam que quem fuma de um a nove cigarros por dia tem seis vezes mais chances de ter câncer de pulmão. Outros prejuízos causados pelo tabagismo são o aumento da pressão arterial e de risco para infarto, acidente vascular cerebral, derrame cerebral e impotência sexual, entre outros.

A população pobre do país será beneficiada com os investimentos públicos da Copa do Mundo de Futebol no Brasil em 2014?