quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Sem equipamentos, médicos usam papelão para imobilizar pacientes com fraturas

Publicada em 24/10/2007 às 00h44m

O Globo

Paciente com fraturas na perna e no quadril e lesão cervical é imobilizado com papelão no Hospital da Posse, em agosto / Foto: Divulgação

RIO - A escassez de recursos nos hospitais públicos do Rio transformou os improvisos em perigosa rotina nas emergências. Depois da denúncia do uso de furadeiras em neurocirurgias , agora na falta de colares cervicais e talas, médicos utilizam papelão e ataduras para imobilizar pacientes com fraturas e lesões na coluna. Doentes com traumatismo craniano também são internados em cadeiras e até mesmo em macas para cadáveres em hospitais do Rio e de Nova Iguaçu. A exemplo do que já foi feito pelo Ministério Público, a Defensoria Pública da União também entrou com ação na Justiça pedindo o reaparelhamento de unidades municipais e federais do Rio.

Fotos tiradas por funcionários do Hospital da Posse, em Nova Iguaçu, em agosto desse ano, mostram um homem com fraturas na perna e no quadril, além de lesão na coluna, sendo imobilizado com pedaços de papelão e ataduras. Na cena, é possível notar o esforço de médicos e enfermeiros para apertar as ataduras e prender o doente à maca.

Para o vereador Carlos Eduardo, presidente da Comissão de Saúde da Câmara Municipal, improvisar virou rotina para os médicos da rede pública. Ele diz que imobilizações com papelão e ataduras e com frascos de soro para apoiar a cabeça dos doentes são extremamente comuns, assim como a utilização de luvas com a ponta de um dedo cortada, como drenos.

A Secretaria municipal de Saúde nega que haja falta de materiais nos hospitais. No caso do paciente fotografado numa maca para cadáveres e com colar cervical improvisado no Miguel Couto, o órgão disse que, provavelmente, ele já chegou nessas condições ao hospital e, depois de receber o primeiro atendimento, foi devidamente acomodado.

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